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Comer Compulsivo


publicado por Vivi Tassi em

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Olá amores, depois do problema no computador da nossa colaboradora Camila, a coluna dela está pronta e imperdível... não deixem de comentar.





Estava relembrando de um relato de uma paciente que disse “Eu nem sei por qual motivo eu como, nem percebo. Acho que sou compulsiva!”. Na verdade, esse é um dos exemplos que posso dar, pois esse tipo de fala é freqüente em alguns pacientes que estão em processo de emagrecimento. O que tem acontecido hoje, em quase todos os lugares, é o fácil acesso aos mais variados tipos de alimento. Se você para para abastecer o carro, tem a oportunidade de abastecer a bolsa de chocolate e de batata frita. Se você vai ao cinema, além da tradicional pipoca (que convenhamos, é bom demais) você pode comprar Hot Dog, pão de queijo, balas e muitas outras coisas gostosas. É ou não é? É.
Comer é bom, e isso não se discute. Primeiro devemos ter em mente que o comer compulsivo é um padrão de comportamento patológico e que é diferente do momento em que você repete sua sobremesa, por exemplo, ou quando se farta na ceia de Ano Novo. São momentos diferentes, e o comer muito, isoladamente, não caracteriza um episódio de TCAP, vou explicar mais para frente o que significa isso. Por enquanto, vamos manter a linha de raciocínio anterior, senão, perde-se o sentido.



Quando se fala em dieta, reeducação alimentar, peda de peso, entre outros, logo vem na mente a idéia de reduzir o consumo de comidinhas. Mas como resistir ao cheiro da pipoca que te envolve na hora em que o shopping center abre suas portas e te recebe? Como não morrer de vontade de comer aquele bolo inteiro de chocolate que acabaram de tirar do forno? Aqui perto de casa tem uma padaria que todo dia, as 16 horas, tira uma fornada de pães. O cheiro invade minha casa, e dá fome. Posso ter acabado de comer, mas aquele cheiro me traz a mente tanta coisa boa, tantos prazeres, que me vejo com vontade de comer de novo. E como é que se faz dieta se em todo lugar algo tenta te sabotar? É difícil sim, e depende exclusivamente, em primeiro lugar, de você. Torno a dizer: pode ser difícil, mas não é impossível.  Quem diz que perder peso é fácil, provavelmente não passa pela provação que muitas de nós passamos. Quero esclarecer que, não estou falando de emagrecer 1 quilo ou dois. Estou falando de um excesso de peso maior, onde é necessário maior obediência às recomendações médicas, e maior obediência á escolha nova que você acabou de fazer, afinal, ninguém inicia uma dieta com a idéia de ficar igual. E também depende se você está dentro de um padrão compulsivo. Mas daí você pode se perguntar: se eu quero tanto emagrecer, por quê é tão difícil? Por que eu me perco no caminho? Por que eu não resisto? E existem muitas respostas para isso.


TCAP, significa Transtorno da Compulsão Alimentar Periódica, e é algo que precisa de cuidados médicos e Psicológicos. Muito embora seja comum ouvir : feche a boca que você consegue, quem sofre desse mal, sabe que não é bem assim. Como eu disse, caso você repita sua sobremesa, não significa que você sofra de TCAP, mas, segundo  Stefano, S.C.,  os critérios de diagnóstico para TCAP proposto pelo DSM-IV requer a presença de:

a.  Episódios recorrentes de compulsão alimentar. Um episódio de compulsão alimentar é caracterizado por ambos os seguintes critérios:
1.  ingestão, em um período limitado de tempo (por exemplo, dentro de um período de duas horas), de uma quantidade de alimentos definitivamente maior do que a maioria das pessoas consumiria em um período similar, sob circunstâncias similares;
2.  um sentimento de falta de controle sobre o episódio (por exemplo, um sentimento de não conseguir parar ou controlar o que ou quanto se come).

b. Os episódios de compulsão alimentar estão associados a três (ou mais) dos seguintes critérios:
1.  comer muito e mais rapidamente do que o normal;
2.  comer até sentir-se incomodamente repleto;
3.  comer grandes quantidades de alimentos, quando não está fisicamente faminto;
4.  comer sozinho por embaraço devido à quantidade de alimentos que consome;
5.  sentir repulsa por si mesmo, depressão ou demasiada culpa após comer excessivamente.

c. Acentuada angústia relativa à compulsão alimentar.

d. A compulsão alimentar ocorre, pelo menos, dois dias por semana, durante seis meses.

e. A compulsão alimentar não está associada ao uso regular de comportamentos compensatórios inadequados (por exemplo, purgação, jejuns e exercícios excessivos), nem ocorre durante o curso de anorexia nervosa ou bulimia nervosa.

Portanto, de acordo com os critérios de diagnósticos, é necessário que a compulsão alimentar se dê em um período de tempo delimitado, o que exclui, por exemplo, indivíduos que “beliscam” o dia todo pequenas quantidades de alimentos. A quantidade de alimentos deve ser grande para um determinado período (por exemplo, período de duas horas), mesmo considerando-se que esse julgamento seja subjetivo.


E como eu posso cuidar disso? Você precisa de apoio médico, psicológico e nutricional. A mudança de hábitos de comportamento fazem toda a diferença. Um exemplo de uma mudança simples que pode te ajudar? Comida não é enfeite. Explico: É tão normal ter em casa uma bomboniere enfeitando o armário,  o bolo ornando a mesa da cozinha ou aquele monte de fruta fazendo pose para foto em cima da pia. Para quem sofre de compulsão, esses sinais ajudam o descontrole. Então, evite, por exemplo, de um modo muito simplório até, ter muita comida ao seu alcance. 
Até para quem não sofre de TCAP, avistar um alimento dando sopa, principalmente aqueles pequeninos, é um convite para a degustação descompensada, afinal, quem há de negar o quanto é gostoso um chocolate suculento no meio da tarde?

Beijo,
Camila

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